Muito provavelmente, o rabino Yeshua disse aos seus discípulos, há 2 mil anos, que era mais fácil passar uma corda (como aquelas usadas em redes de pesca no Mar da Galileia) pelo buraco de uma agulha de costura do que um homem rico entrar no reino dos céus. Mas em aramaico, o idioma em que ele estava falando e o idioma no qual o texto fonte dos evangelhos sinóticos provavelmente foi escrito, “camelo” e “corda” têm a mesma grafia: “gml”. Elas têm sonoridades diferentes, mas a escrita aramaica nem sempre apresenta vogais. Então alguém respeitosamente escreveu “gml”. O caso fica mais engraçado quando os evangelhos sinóticos aparecem e as pessoas começam a traduzir as palavras de Cristo para o grego comum. Porque em grego comum, “camelo” e “corda” também são a mesma palavra, distinguíveis na escrita por apenas uma vogal, mas com a pronúncia quase idêntica. Camelo é “kamelon” e corda é “kamilon”. Em latim e inglês (e em português), claro, “camelo” e “corda” são facilmente distinguíveis. Mas tanto em aramaico, quanto em grego comum, não. Então, por mais que já seja bem frustrante tentar passar uma corda cheia de nós pelo buraco de uma agulha de costura, cá estamos nós com a imagem de um imenso dromedário sendo comprimido pelo buraco de uma agulha, com corcova e tudo, deixando o homem rico não só numa bagunça, mas numa cena cômica. Tudo por causa de uma vogal! Bem, esta é a parte histórica da frase, mas é muito mais profunda do que isso.